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Comente o filme - Página 2 Empty Sobre o Filme e o Livro

Mensagem  Marcelo Yoneshima Dom Jan 17, 2010 8:01 am

sobre A Clockwork Orange,

acho que devo ser um dos poucos por aqui a ler o livro do Burgess antes de ter assistido o filme de Kubrick, né?
foi com surpresa que descobri que a obra de Kubrick é, talvez, o filme mais fielmente adaptado de um livro que li.

existem, claro, mudanças de ordem estética. o futuro descrito por Burgess não é visualmente o mundo mostrado no filme de Kubrick, que adicionou elementos visuais como o comentado futurismo dos anos 60/70 - vale lembrar que em 2001: A Space Odyssey, de 1968, Kubrick já fazia uso de móveis de plástico colorido, como na cena em que o Dr. Heywood Floyd conversa com um grupo que desconhecia os "problemas na Lua" - ou mesmo o uniforme de Alex e seus drugues, que no livro é mais próximo de um terno e gravata curtos do que o pijama branco com protetor peniano do filme.

ainda assim, Kubrick retrata a personalidade adolescente e irresponsável de Alex - que começa o livro com 15 anos, mas é habilmente interpretado por Malcolm McDowell aos 28 - com mesma perspicácia que Anthony Burgess na obra original. embora seja um personagem repulsivo, foi por ele que torci durante toda a leitura/projeção. talvez por ser o fio condutor da narrativa, ou talvez por sua inesperada cultura (convenhamos, mesmo na sociedade deturpada e distópica criada por Burgess e, mais tarde, recriada por Kubrick, é curioso que um vândalo adolescente aprecie música clássica - o que é possível evidenciar na cena em que em uma loja de discos, Alex discute música com duas adolescentes - no livro, aliás, as adolescentes têm apenas 10 anos e Alex, auto-intitulado "The Large" ou "O Enorme", as estupra).

a "identificação" com personagem me parece essencial para ambas as obras, já que a questão fundamental de ambas está no conflito Estado vs. Indivíduo. ou, melhor dizendo, "até onde vão os direitos do Estado sobre o Indivíduo?" e "até onde o Estado pode/deve intervir sobre o Indivíduo a fim de garantir o Bem-Estar Social". nesse sentido, A Clockwork Orange, filme e livro, é uma obra política, liberal, que defende a supremacia do Indivíduo sobre o Estado. e, ainda que Alex e toda a multidão de adolescentes transviados seja um malefício, um produto de uma sociedade condescendente, que não reprime suas ações criminosas, tanto filme quanto livro advogam que a ação do Estado sobre Indivíduo é altamente prejudicial ao último, e portanto à Sociedade de modo geral, já que lhe tira o direito às escolhas pessoais, à auto-defesa, à auto-preservação, e o torna um mero fantoche. daí o título A Clockwork Orange.

tal posição ficaria ainda mais evidente na versão cinematográfica se Kubrick tivesse filmado o 21º capítulo do livro, que mostra o amadurecimento natural do personagem. verdade seja dita, a culpa não é do diretor, mas da editora americana que, ao publicar o livro nos Estados Unidos, decidiu deliberadamente eliminar este último capítulo e interromper a trajetória do protagonista no momento em que Alex recupera sua capacidade de ser violento, simplesmente por acreditar o tal amadurecimento natural não condizia com sua personalidade até então. tal decisão editorial, chega inclusive a prejudicar a estrutura imaginada por Burgess, já que os 21 capítulos, na imaginação do autor, representariam a trajetória de amadurecimento de Alex. do delinguente juvenil, passando pelo jovem presidiário que se submete ao Tratamento Ludovico para reduzir sua pena, até a vítima da intervenção do Estado sobre o Indivíduo.

vocês sabiam que o Burgess criou o vocabulário nadsat porque queria retratar a estranheza com que encarava as gírias das gangues juvenis da época? o autor chegou a pensar em utilizá-las literalmente no livro, mas temia que soassem datadas dali a alguns anos. por isso resolveu criar o seu próprio vocalulário usando palavras em russo como base, daí palavras como moloko, devotchka e droog.

enfim, eu acho que isso é tudo o que eu sei sobre ambos.
sei que falei pouco do filme, mas muito filme está no livro.

uma dúvida: na cena em que Alex mata a Velha dos Gatos, no livro, o protagonista o faz com um simples vaso, enquanto no filme, o faz com um pênis gigante. nunca entendi essa troca. qual é o subtexto sexual que Kubrick queria incluir na cena?
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Comente o filme - Página 2 Empty Morte da velha dos gatos

Mensagem  Guita Dom Jan 17, 2010 8:40 am

Mais um elemento de choque...
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Mensagem  Grandes Filmes Dom Jan 17, 2010 10:03 am

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Mensagem  ddonato Dom Jan 17, 2010 12:11 pm

Marcelo Yoneshima escreveu:sobre A Clockwork Orange,
uma dúvida: na cena em que Alex mata a Velha dos Gatos, no livro, o protagonista o faz com um simples vaso, enquanto no filme, o faz com um pênis gigante. nunca entendi essa troca. qual é o subtexto sexual que Kubrick queria incluir na cena?

Quando o Alex mexe com aquela peça, a mulher diz pra ele tomar cuidado, pois é uma grande obra de arte. Pra mim, isso tudo é pra chocar a audiência e pra mostrar como aquela sociedade como um todo não tem tabus sexuais. Por isso eu digo que o filme não é uma crítica social em si, já que estamos bem longe de não ter tabus sexuais. Quanto ao subtexto da morte em si, o que eu consigo pensar é que quase todos os crimes do Alex tem alguma conotação sexual, note o que ele escolheu como "arma".
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Comente o filme - Página 2 Empty As músicas do Alex

Mensagem  @Ruh_Ribeiro Dom Jan 17, 2010 9:17 pm

Acho que esse é o ponto que mais define a intenção do filme - se é que não é muita arrogância da nossa parte querer supor que se tenha alguma intenção. Li aqui alguém que comentou que a música do Beethoven e a de Cantando na Chuva são músicas felizes, que mostram que o Alex é feliz quando é violento.
Fica a confusão na nossa mente se, já que é assim que ele é feliz, será humano permitir e proporcionar que ele não seja feliz? Na verdade, mostra o instinto de sobrevivência animal que temos: ele não pode ser feliz porque a felicidade dele me destrói. Mas então significa que sou menos mal se provoco o mal de uma pessoa que é má?
Enfim, são várias coisas a se pensar, e o que importa é que, gostando do filme ou não, é válida a reflexão, mesmo que não se chegue a nenhuma conclusão.
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Mensagem  renan Dom Jan 17, 2010 9:40 pm

@Ruh_Ribeiro escreveu:Acho que esse é o ponto que mais define a intenção do filme - se é que não é muita arrogância da nossa parte querer supor que se tenha alguma intenção. Li aqui alguém que comentou que a música do Beethoven e a de Cantando na Chuva são músicas felizes, que mostram que o Alex é feliz quando é violento.
Fica a confusão na nossa mente se, já que é assim que ele é feliz, será humano permitir e proporcionar que ele não seja feliz? Na verdade, mostra o instinto de sobrevivência animal que temos: ele não pode ser feliz porque a felicidade dele me destrói. Mas então significa que sou menos mal se provoco o mal de uma pessoa que é má?
Enfim, são várias coisas a se pensar, e o que importa é que, gostando do filme ou não, é válida a reflexão, mesmo que não se chegue a nenhuma conclusão.

Bom puxando pela sua teoria sobre a felicidade do Alex e o que eu penso sobre felicidade (o melhor de tudo é o modo em que as coisas afetam as pessoas dependendo do que elas pensam ou acreditam) é que mesmo ele sendo feliz assim ele não tem o direito de tirar a felicidade das outras pessoas. Pode ser citado o caso do velho bêbado, que eles espancam logo no começo do filme, o velho está feliz ali nada dele sem prejudicar ninguém. Então será que pra satisfazer sua felicidade o Alex tem direito de sacrificar a felicidade dos outros ? Será que ele não poderia sublimar toda aquela energia de algum outro modo, que pelo menos não entrasse em confronto com a felicidade do próximo ?

PS: to meio alto (calma não tomei Moloko +...), se algo não ficou claro que me desculpem.

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Comente o filme - Página 2 Empty E lá vamos nós...

Mensagem  Deh Dom Jan 17, 2010 9:53 pm

O meu resumo p/ o filme foi o mesmo que me causou vendo Dogville: O ser humano não presta.

A violencia é algo inerente ao ser.

O Alex e seus amigos são a classica classe media operaria com pais displicentes e sem opção de lazer, extravassando a violencia na forma "não civilizada" dentro da sociedade.
Quando ele começa a passar pelo metodo Ludovico, ocorre uma outra expressão de violencia, agora essa aceita pela sociedade pois seria p/ um "bem maior", onde todos assistem aos mesmos filmes que ele, veem o rapaz agonizar e depois ser humilhado e aplaudem, acham que é certo pois ele era o rapaz violento que merecia ser corrigido para se enquadrar no que é julgado normal e correto.
Mas cabe aqui pensarmos: se akeles senhores poderiam ser a "elite intelectual" dakela sociedade e assistiram a tudo de forma passiva, como um rapaz que não teria expectativa de futuro seria diferente? Ele pode ser apenas um reflexo da sociedade em que vive.
Na segunda parte, quando ele esta "recuperado" e começa a enfrentar os seus "demonios" se torna mais claro que a sociedade é violenta e um individuo passivo não se enquadra naquela realidade sendo Alex vitima de abusos de todos os lados.

Na minha interpretação de tudo isso é: Somos seres que sempre ou pisamos ou pisaremos, temos a essencia da violencia dentro de nós só escolhemos como vamos canalizar.

Gosto pessoal: sinceramente, não gostei. Apesar de toda a complexidade e brilhantismo do filmes, confesso que não será um dos que verei novamente por puro gosto ou que irei indicar.
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Mensagem  @Ruh_Ribeiro Dom Jan 17, 2010 10:02 pm

renan escreveu:
@Ruh_Ribeiro escreveu:Acho que esse é o ponto que mais define a intenção do filme - se é que não é muita arrogância da nossa parte querer supor que se tenha alguma intenção. Li aqui alguém que comentou que a música do Beethoven e a de Cantando na Chuva são músicas felizes, que mostram que o Alex é feliz quando é violento.
Fica a confusão na nossa mente se, já que é assim que ele é feliz, será humano permitir e proporcionar que ele não seja feliz? Na verdade, mostra o instinto de sobrevivência animal que temos: ele não pode ser feliz porque a felicidade dele me destrói. Mas então significa que sou menos mal se provoco o mal de uma pessoa que é má?
Enfim, são várias coisas a se pensar, e o que importa é que, gostando do filme ou não, é válida a reflexão, mesmo que não se chegue a nenhuma conclusão.

Bom puxando pela sua teoria sobre a felicidade do Alex e o que eu penso sobre felicidade (o melhor de tudo é o modo em que as coisas afetam as pessoas dependendo do que elas pensam ou acreditam) é que mesmo ele sendo feliz assim ele não tem o direito de tirar a felicidade das outras pessoas. Pode ser citado o caso do velho bêbado, que eles espancam logo no começo do filme, o velho está feliz ali nada dele sem prejudicar ninguém. Então será que pra satisfazer sua felicidade o Alex tem direito de sacrificar a felicidade dos outros ? Será que ele não poderia sublimar toda aquela energia de algum outro modo, que pelo menos não entrasse em confronto com a felicidade do próximo ?

PS: to meio alto (calma não tomei Moloko +...), se algo não ficou claro que me desculpem.

Renan,
Concordo com vc. Pessoalmente, também me sinto muito incomodada com aquela violência toda. Mas o filme levanta essa lebre, porque quando os caras do projeto Ludovico ficam assistindo a agonia do Alex, também não deixa de ser muito diferente. Se soubéssemos que o mendigo foi um dia, sei lá, um estuprador, será que teríamos o mesmo incômodo com aquela violência a ele? Partimos do princípio que o mendigo era a vítima, mas não sabemos, de fato, se era mesmo.

Essa é a graça do filme, porque essa discussão poderia durar dias, e nunca saberíamos nada, porque no fundo no fundo não existe mesmo certo ou errado, existe estar do lado que você pessoalmente concorda ou discorda, nada além disso.
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Mensagem  renan Dom Jan 17, 2010 10:49 pm

@Ruh_Ribeiro escreveu:
renan escreveu:
@Ruh_Ribeiro escreveu:Acho que esse é o ponto que mais define a intenção do filme - se é que não é muita arrogância da nossa parte querer supor que se tenha alguma intenção. Li aqui alguém que comentou que a música do Beethoven e a de Cantando na Chuva são músicas felizes, que mostram que o Alex é feliz quando é violento.
Fica a confusão na nossa mente se, já que é assim que ele é feliz, será humano permitir e proporcionar que ele não seja feliz? Na verdade, mostra o instinto de sobrevivência animal que temos: ele não pode ser feliz porque a felicidade dele me destrói. Mas então significa que sou menos mal se provoco o mal de uma pessoa que é má?
Enfim, são várias coisas a se pensar, e o que importa é que, gostando do filme ou não, é válida a reflexão, mesmo que não se chegue a nenhuma conclusão.

Bom puxando pela sua teoria sobre a felicidade do Alex e o que eu penso sobre felicidade (o melhor de tudo é o modo em que as coisas afetam as pessoas dependendo do que elas pensam ou acreditam) é que mesmo ele sendo feliz assim ele não tem o direito de tirar a felicidade das outras pessoas. Pode ser citado o caso do velho bêbado, que eles espancam logo no começo do filme, o velho está feliz ali nada dele sem prejudicar ninguém. Então será que pra satisfazer sua felicidade o Alex tem direito de sacrificar a felicidade dos outros ? Será que ele não poderia sublimar toda aquela energia de algum outro modo, que pelo menos não entrasse em confronto com a felicidade do próximo ?

PS: to meio alto (calma não tomei Moloko +...), se algo não ficou claro que me desculpem.

Renan,
Concordo com vc. Pessoalmente, também me sinto muito incomodada com aquela violência toda. Mas o filme levanta essa lebre, porque quando os caras do projeto Ludovico ficam assistindo a agonia do Alex, também não deixa de ser muito diferente. Se soubéssemos que o mendigo foi um dia, sei lá, um estuprador, será que teríamos o mesmo incômodo com aquela violência a ele? Partimos do princípio que o mendigo era a vítima, mas não sabemos, de fato, se era mesmo.

Essa é a graça do filme, porque essa discussão poderia durar dias, e nunca saberíamos nada, porque no fundo no fundo não existe mesmo certo ou errado, existe estar do lado que você pessoalmente concorda ou discorda, nada além disso.

Com certeza, se fosse um estuprador ali a reação em geral não seria a mesma, a indignação com a cena com certeza seria menor, (claro que não concordo com a violência gratuita, mas também acho que existem pessoas que só aprendem nesta língua). Sobre o método Ludovico é bem isso mesmo, penso que é do ser humano isso de acha que o melhor método de correção é o sofrimento de quem cometeu o crime. O homem é animal, no fundo de tudo o instinto animalesco toma conta de nós, independente de sermos adolescentes entediados ou políticos e seus propósitos.

PS: Novamente me desculpo se não fui claro, mas as cervejas subiram. ahauhauhauh

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Mensagem  Ana Paula Borges Seg Jan 18, 2010 12:40 am

Laranja Mecânica está entre os meus filmes prediletos. Portanto, adorei a escolha dele para o primeiro fórum.

Mas, vamos ao que interessa.
Laranja Mecânica, é um filme verdadeiramente intrigante, expõe duas formas distintas de violência e suas consequência, dividindo o filme em duas partes: a primeira, onde Alex mostra sua violência intrínseca, a violência do ser humano, não reprimida pela sociedade, assustadora e chocante; a segunda, a violência do Estado, não menos pertubadora, amparada legalmente com a justificativa de controle e convivio social.

Contudo, acho que o ponto central do filme é a possibilidade de livre arbítrio ou não, e até onde isso pode levar o ser humano. Será que é certo fazer do ser humano um robô? Uma laranja mecânica criada pelo sistema para ser jogada em uma sociedade infestada de violência. Ou deixá-lo à solta violentando o mundo? Vejo esse filme como uma grande e pertubadora questão com a qual Kubrick nos presenteou. De forma visionária nos trouxe questões que nos assola atualmente.

Eu li esse livro, e posso dizer que a adaptação é fiel, mas na verdade, Kubric conseguiu valorizar e enriquecer este material coma trilha sonora, suas referências artísticas e o que ele fazia de melhor utilizou seu poder de imagem para dar vida a este incrível filme.

Kubric mostra o mundo ao olhos de Alex, que narra sua história, sob o efeito do Moloko. (as cores, formas exageradas, valorização do sexo, a modernidade das formas...Bela direção de arte)

Minhas cenas predileta: A violência ao som de Cantando na chuva e o Tratamento ao som de Ludwin Van...rs
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Mensagem  Phillctw Seg Jan 18, 2010 2:11 am

Vemos no filme uma suposta forma de ressocializar criminosos, transformá-los em pessoas boas. Com tal processo, as atitudes dos criminosos são controladas, mas podemos ver claramente que eles ainda possuem os ímpetos para cometer os mesmos crimes que cometiam, continuando assim como eram antes e sendo falha a transformação, o que é confirmado no fim do filme. Isso talvez possa representar algo do tipo que o House costuma falar..."people don't change". Desse modo o governo poderia até controlar as ações dos indivíduos, mas não suas vontades.

Na história temos diferentes tipos de violência. A violência que parte das gangues, a que parte da sociedade e a que parte do governo. Qual delas é a mais brutal? Não tem como definir uma resposta muito precisa sobre isso. A violência das gangues é quase gratuita ou em certos casos (como o do velho mendigo) baseada em preconceito. A violência da sociedade pode ser considerada uma reação aos acontecimentos à sua volta. Por fim, a violência do governo se baseia quase que exclusivamente em tortura psicológica contínua. Fecha-se assim um ciclo, onde violência estaria gerando mais violência.

O filme é uma grande crítica ao homem e seu modo de vida.

Podemos perceber a relação da completa liberdade (inclusive a sexual) com a violência e ao mesmo tempo nos é mostrado como a ação direta e sem controle do governo pode ser danosa...desse modo o filme nos direciona a pensar em um meio termo, talvez um tipo de poder ideal. Viajei demais?
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Mensagem  Grandes Filmes Seg Jan 18, 2010 7:56 am

Deh escreveu:O Alex e seus amigos são a classica classe media operaria com pais displicentes e sem opção de lazer, extravassando a violencia na forma "não civilizada" dentro da sociedade.

Sobre a falta de opção de lazer, sempre desconfio deste argumento. Sempre há opções, mesmo que não muitas... A violência é uma delas.
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Mensagem  Grandes Filmes Seg Jan 18, 2010 8:03 am

Ana Paula Borges escreveu:a segunda, a violência do Estado, não menos pertubadora, amparada legalmente com a justificativa de controle e convivio social.

Com relação ao programa de condicionamento, ainda existe o fato dele ter falhado (talvez pelo trauma da tentativa de suicídio, talvez pelo tratamento sofrido depois). No final do filme, Alex já está se imaginando em uma cena de sexo tórrida, com todos os fotógrafos e jornalistas como voyeurs.

Eu sempre imagino que, depois que o filme acabou, Alex entrou para a política e se elegeu com muita facilidade, utilizando o papel de vítima e se vendendo como "defensor das liberdades"... Aquela cena dele sendo fotografado com o Ministro sempre provoca este pensamento em mim.
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Mensagem  @burinetti Seg Jan 18, 2010 8:19 am

Vendo de novo o filme,parei pra prestar atenção só na atuação de Malcom Mcdowell (nunca tinha reparado SÓ nisso).
Como o filme é um mosaico de referências as atuaçãoes acabam sendo sufocadas(na minha opinião),mas com um desempenho visceral,McDowell traspira realidade em um mundo surreal,e faz sua crença na Ultra Violência parecer uma "simples" bandeira a ser levantada.
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Comente o filme - Página 2 Empty Intolerância

Mensagem  Carol Prado Seg Jan 18, 2010 9:32 am

Quando assisto Laranja Mecânica, me vem a cabeça o filme Intolerância de Griffith, principalmente porque nesse filme Griffith chama a prisão de Casa da Intolerância, o que para mim se encaixa perfeitamente ao tratamento sob o qual Alex foi submetido.
É óbvio que o filme trata de outras questões muito além da intolerância humana, mas para mim é o que mais me chama a atenção. Sem maniqueísmos, todos são causadores e vitimas da intolerância: Alex e sua guangue, os policiais, os médicos do tratamento ludovico, a sede de vingança das vítimas de Alex e até a primeira reação de rejeição dos pais de Alex após o tratamento são consequências da intolerância humana. O filme será sempre atual enquanto não houver disposição da sociedade de respeitar o outro e suas diferenças.

O que acho mais interessante é como filme consegue provocar as mais diferentes reações em quem o assiste.

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Mensagem  Phillctw Seg Jan 18, 2010 10:48 am

Grandes Filmes escreveu:
Ana Paula Borges escreveu:a segunda, a violência do Estado, não menos pertubadora, amparada legalmente com a justificativa de controle e convivio social.

Com relação ao programa de condicionamento, ainda existe o fato dele ter falhado (talvez pelo trauma da tentativa de suicídio, talvez pelo tratamento sofrido depois). No final do filme, Alex já está se imaginando em uma cena de sexo tórrida, com todos os fotógrafos e jornalistas como voyeurs.

Eu sempre imagino que, depois que o filme acabou, Alex entrou para a política e se elegeu com muita facilidade, utilizando o papel de vítima e se vendendo como "defensor das liberdades"... Aquela cena dele sendo fotografado com o Ministro sempre provoca este pensamento em mim.


Fico imaginando o que teria acontecido com os outros que também foram submetidos ao tratamento.
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Mensagem  Deh Seg Jan 18, 2010 11:58 am

Grandes Filmes escreveu:
Deh escreveu:O Alex e seus amigos são a classica classe media operaria com pais displicentes e sem opção de lazer, extravassando a violencia na forma "não civilizada" dentro da sociedade.

Sobre a falta de opção de lazer, sempre desconfio deste argumento. Sempre há opções, mesmo que não muitas... A violência é uma delas.

Tambem não gosto desse argumento quando se trata da vida real, mas no filme foi essa a representação.
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Mensagem  Deh Seg Jan 18, 2010 12:07 pm

Phillctw escreveu:
Na história temos diferentes tipos de violência. A violência que parte das gangues, a que parte da sociedade e a que parte do governo. Qual delas é a mais brutal? Não tem como definir uma resposta muito precisa sobre isso. A violência das gangues é quase gratuita ou em certos casos (como o do velho mendigo) baseada em preconceito. A violência da sociedade pode ser considerada uma reação aos acontecimentos à sua volta. Por fim, a violência do governo se baseia quase que exclusivamente em tortura psicológica contínua. Fecha-se assim um ciclo, onde violência estaria gerando mais violência.

Uma coisa interessante: ate que ponto vc dá a liberdade p/ o governo ser violento? Ate q ponto ele pode tirar a sua individualidade para um bem a sociedade? Oq se quiser pode ser extendida essa discussão p/ o caso de pena de morte. Ate onde o governo pode tirar a vida de alguem... mas ai já começo a ir tããããão longe. rs*
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Comente o filme - Página 2 Empty Analise "Laranja Mecânica"

Mensagem  RafaelReinaldo Seg Jan 18, 2010 1:49 pm

O filme alem de qualquer elemento de critica à uma sociedade em que a violencia é tratada como uma doença, e assim, pode ter uma cura, Kubrik também faz um apelo ao lado pisicologico do personagem, que sente prazer naquilo que faz e orgulho ao estuprar uma senhora numa noite e no outro dia, sair para paquerar algumas meninas.... dupla personalidade talvez. Muito interessante tambem a forma com que é abordado o tema de quem é o culpado pelo garoto estar deste jeito (sociedade ou os pais ausentes) e os pais simplesmente acharam melhor, ou não fazerem nada para evitar, que o garoto saia de casa depois de deixar da prisão.
Nota mil pra esse filme!!
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Mensagem  Rosane Seg Jan 18, 2010 2:26 pm

Laranja mecânica é de fato um tapa na cara da sociedade. Pra mim o questionamento maior é: "quando violência é aceitável?" No filme, a violência é aceita a partir do momento em que é usada para curar a violência e deixa de ser aceita quando começa a ferir os conceitos que a sociedade já tem sobre o tratamento que deve ser dado ao ser humano, ou seja, por mais que Alex não fosse mais cometer mal às pessoas, todos se viraram contra o método quando viram que estavam comentendo um mal a ele e tirando dele o direito de se defender. De qualquer forma há um deleite em assistir tudo o que acontece com ele, isso fica bem explícito na exploração da mídia em cima do caso. Se estava tendo tanta repercussão na imprensa é porque as pessoas queriam de acompanhar todo aquele horror que Alex vivia. E aí vem a pergunta: queriam acompanhar por que estavam sensibilizadas ou por que toda aquela história de jovem violento sendo violentado acabou virando entretenimento? Quantas vezes não vemos tragédias sendo transformadas em entretenimento na vida real?
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Comente o filme - Página 2 Empty Clockwork Orange

Mensagem  Tiberio Seg Jan 18, 2010 5:44 pm

Bom,
Não pude ver o filme no fim de semana, pois tive uma viagem, mas irei comentar do que eu assisti a um tempo atrás.
Ao meu ver, e provavelmente o da grande maioria, esse filme é uma grande crítica a grande frase "violência gera violência" e a hipocrisia.
Alex deLarge e sua gangue, sempre foram realmente ultraviolentos, o que faz com que os telescpectadores criem uma grande raiva por ele e sua turma. Motivos fúteis ou até mesmo sem motivos, eles acabam alastrando a violência e o terror por onde passam.
Após a traição de sua própria gangue, deLarge é preso e dentro da cadeia se torna voluntário em um experimento que irá o ''condicionar ao bem''.
É aí que Kubrick demonstra a sua grande crítica a sua hipocrisia, a sociedade que considerou Alex um criminoso violento e perigoso se revela ao fim tão violenta quanto ele. A prisão para o qual ele é enviado com o objetivo formal de ser "regenerado" é, nas palavras do governador, "um instrumento de punição". O "tratamento" ao qual Alex é exposto para torná-lo "bom" se mostrara um instrumento de desumanização muito mais perigoso do que o próprio comportamento "mal" de Alex. E ao meu ver, Alex continua o mesmo ser violento e delinquente de sempre, ele apenas está "intocável" pelos padrinhos poderosos.
Quanto em questão a frase, "violência gera violência", isso é realmente mostrado, de que não adianta a pessoa ter atitude boa, se a sociedade acaba sendo violenta, a situação presente na realidade de Alex, ele terá que responder a mesma com mais violência.
A cena final em meu ver, é apenas um sonho para fazer com que cada um tenha uma perspectiva e ideia do que aconteceria ao personagem deLarge.

Abraços e Beijos !
Tiberio
Tiberio

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